quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sonho - 19 de Novembro de 2008

Naquela loja da esquina
Cheira a incenso.
Entro a medo, sem em nada
Tocar, não vá estragar.
Volto á minha janela,
De lá vejo o mundo
Fico seguro ali.
Sentado, recostado no cadeirão
Acendo um cigarro, puxo o cinzeiro,
É aqui que vou ficar nas próximas horas.
Vou escrever cigarro após cigarro,
O cheiro entranha-se, corrói-me e
Ao mesmo tempo faz-me levitar.

Lembro-me agora do incenso,
Já deixou de ser baunilhado.
Agora misturado
Com odores mil,
Odores de Abril.
Cheirei-lhe o nome,
No sabor que o vento trouxe.

Vejo do outro lado da rua
Um vulto a olhar-me,
Recosto-me mais na cadeira
Agora na de balouço,
Para que ninguém do exterior
Me veja a fumar ou a escrever.

Desliguei-me do meu ser
E sai de mim alguém.
Por momentos deixo-o viver
Mais tarde terá que morrer
Às mãos do seu génio.
Apodrecerá com o tempo.

Será tudo isto um sonho?
Ou apenas um devaneio do ser?

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