domingo, 30 de novembro de 2008

hoje vou fugir um bocado à poesia, venho apenas agradecer as coisas boas que dizem sobre os meus versos, gosto quando se chegam ao pé de mim e me dizem que eu escrevi a vossa história.

obrigado a todos os que por alguma razão seguem o "brog" (como eu carinhosamente lhe chamo)

um obrigado também às minhas queridas Angel e Poetry

um obrigado enorme à KATE que me criou o blog e que me fez voltar a escrever intensamente.

ah e obrigado tb, não menos importante às minhas colegas e prof de MACS que no fundo só pareço o "zangado" para criar alguma tensão naquela aula...

beijos e abraços a todos :)

Tempo - 30 de Novembro de 2008

Vou doá-lo,
Entregá-lo a uma instituição
Julguem-me enquanto podem
Pois vou abandoná-lo.

Vou deixar de alimentá-lo,
Deixá-lo morrer
Salvem-no da desgraça
Vou fazê-lo sofrer.

Nada façam para me demover
Já me decidi.
Não o quero mais
Com ele nada posso mais tratar,
Digam-lhe depois, que morri.

Se ao acaso ele duvidar,
Falsifiquem documentos
Criem falsas lápides,
Façam tudo, mas não o deixem
Descobrir-me outra vez.


Se ao menos eu conseguisse
Fazer isto ao tempo que resta!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Abri as portas todas - 24 de Novembro de 2008

Abri as portas todas.
Divisão por divisão,
Procurei-te na casa toda.
Não sei porque não estás.

Perdeste a chave de casa,
Não te lembras da porta.
Quando te lembrares,
Avisa-me da tua chegada.
Tenho que trocar os lençóis,
Aqueles com o teu cheiro
Que não me deixavam ficar só.
Agora que voltas já deles
Não preciso, terei o teu perfume,
Ter-me-ás a mim e ao meu calor.
Terei o teu sabor tu terás o meu.
Dois homens unidos, abraçados.
Cansados de um dia de fachada,
Essa noite será o esquecer do tempo,
O deixar levar, o nosso amor.

domingo, 23 de novembro de 2008

Nu Artistíco - 23 de Novembro de 2008

No meio da sala
Está alguém a quem
Foi negada a sorte.
Foi-lhe dada a vida,
Por descargo de alma.
Ao seu lado está um banco,
Onde ela encosta a cabeça e
O corpo numa pose sensual.
É um nu artístico, desprovido
De sexualidade, amor, ou pudor.
Livre e desocupada, essa mulher
Vê pelo espelho à sua frente o artista
Que a desenha de costas.

Todos os seus traços físicos
Ali desenhados no papel.
Da sua alma, ninguém consegue
Extrair reacção, da sua mente
Não sai a fusão dos pensamentos.
Apenas o físico, o nu, a sexualidade
É ela usada como um objecto.

Deixem de ser assim, deixem de a usar,
É uma mulher, é livre.

Usem o homem e os seus atributos
O corpo dele com o génio dela
É a maior das obras-primas.

Usem-no, abusem do seu corpo nu
Deitado no chão é para isso que ele serve.

sábado, 22 de novembro de 2008

Poeta - 22 de Novembro de 2008

Lá vai o homem da gabardina.
Todo vestido de preto,
Na lonjura da sua alma.
Desce ele a rua, de bengala na mão,
Sempre no mesmo passo, pesado,
Lento, onde não há espaço
Para enganos, esses seriam fatais.

Lá vai ele rua abaixo,
Todo de preto, cabiz baixo
Tez pálida, como se lhe o sentido
Da vida tivesse sido extorquido.
Aboliu a própria alma,
Deixou a vida e entregou-se
Unicamente aos seus versos,
Já não há nada em que pensar,
Apenas escreve sobre o que se lembra.

Coitado daquele homem,
Libertou-se da vontade de viver.
Segue o seu caminho, sozinho
À espera da morte que o namora.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Boneca de Trapos - 21 de Novembro de 2008

Boneca de trapos
Cheia de ambições.
Almejas tu ser melhor,
Mais lavada e arranjada,
Porcelana quem sabe.
Uma coisa pintada à mão,
Algo frágil que se adequa
À tua situação de boneca.
Feita de pano nunca o serás,
Serás robusta com traços largos
Nada do que uma boneca deve ser.

Invejo-te a liberdade de ficar,
Recai sobre ti a minha mais
Doce e terna amizade.
Mas apenas isso não serve
Não chega para gostar de ti.

Fica aí boneca de pano,
Brinca na tua sina,
Sente a liberdade.

Continua ignorante…

Nostalgia - 21 de Novembro de 2008

Sinto-me algo nostálgico.
Está latente em mim
O sentido da vida.
Lateja em mim,
Tal nostalgia que
Nada me permite fazer.
De modo nenhum
Negoceio o que penso
Ou sinto, dali já não espero
Retorno. Contudo o suspense
De um novo dia queima-me
As mãos calejadas, a face marcada.
Sobe a pele o esbrasear desse desejo.

Nada fica, nada resta.
Somente as minhas memórias
E eu…

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sonho - 19 de Novembro de 2008

Naquela loja da esquina
Cheira a incenso.
Entro a medo, sem em nada
Tocar, não vá estragar.
Volto á minha janela,
De lá vejo o mundo
Fico seguro ali.
Sentado, recostado no cadeirão
Acendo um cigarro, puxo o cinzeiro,
É aqui que vou ficar nas próximas horas.
Vou escrever cigarro após cigarro,
O cheiro entranha-se, corrói-me e
Ao mesmo tempo faz-me levitar.

Lembro-me agora do incenso,
Já deixou de ser baunilhado.
Agora misturado
Com odores mil,
Odores de Abril.
Cheirei-lhe o nome,
No sabor que o vento trouxe.

Vejo do outro lado da rua
Um vulto a olhar-me,
Recosto-me mais na cadeira
Agora na de balouço,
Para que ninguém do exterior
Me veja a fumar ou a escrever.

Desliguei-me do meu ser
E sai de mim alguém.
Por momentos deixo-o viver
Mais tarde terá que morrer
Às mãos do seu génio.
Apodrecerá com o tempo.

Será tudo isto um sonho?
Ou apenas um devaneio do ser?

Necrose - 19 de Novembro de 2008

Tens a pele necrosada
Pelo tempo, pela idade.
Já nada sentes,
Nada vês ou dizes.
Feliz de ti que já viveste
Já jogaste os jogos da vida,
Agora descansas, quase
Em paz, nesse sofá.
Estás à espera que venha.
Continuas aí caída
Definhando. Ruída,
Completamente ardida,
Consumida pela velhice.

Agora nessa sala
Jaz por inteiro
Esse corpo velho,
Findo, adulterado
Pelo tempo. Pronto
A sepultar.

Já se ouvem os sinos
Daquela igreja que
Em tempos frequentaste.
Será paragem antes
Da tua última morada.
Estarás lá na caixa em
Pinho mel deitada no acolchoado
Branco, com as rendas religiosamente
Tecidas e com motivos católicos.

“Foste tudo o que quiseste,
Sem recusar nada”,
Estará escrito na entrada
Do teu jazigo de família,
Nessa aldeia onde nasceste,
Pois lá foi onde te conheceram
Ainda jovem, bonita, com a lucidez
De uma moça de escola.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cigarros e vinho - 18 de Novembro de 2008

Quero um cigarro
Que me trate
Ao mesmo tempo me mate.
Pode também ser um copinho,
De vinho
Branco, verde, rose ou tinto
Tudo menos absinto.

A queimar um cigarro,
Dentro do carro.
A caminhar
Ou até mesmo a passear,
Vou por aí
Ou por ali,
Sem me preocupar.

Já em relação ao vinho,
Pode bem ser o verdinho
Basta ser fresco…

Vocês - 18 de Novembro de 2008

Das palavras que
Nunca te direi
Estas serão porém
As ultimas que te escrevo.

Fiz de ti estandarte
Da alma que foi dele.

Escrevi o que ele sentiu,
Do que ele viveu nada sei.
O que encontras no meu espólio
É apenas uma fase da vida dele,
E da que foi tua.

São fragmentos dum futuro
mais que realizado.
Um amor acabado,
Finalizado, por vezes julgado
À conta de actos ou pensamentos.

Foste, viveste, amaste.
Apenas ele sentiu
Isso vindo de ti.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Porque choras - 17 de Novembro de 2008

Porque choras, não sei.
Tens outro, disso certeza tenho,
Devias sorrir, viver, ser feliz,
Correr pelos campos.
Sentir o trigo nas mãos e a brisa,
A leve brisa com cheiros campestres,
Florestais, a soprar-te ao ouvido
A contar-te segredos de outrora.
Histórias de reis e pajens,
Daqueles como nós.
Daqueles de quem a história nunca falou.
Poetas, fotógrafos, romancistas, todos
Os que tiveram de fugir ao que era seu
Por serem génios diferentes.
Alguns deles gays, outros drogados,
Muitos até bêbados e outros tantos
Mais que sóbrios. Desses génios,
De outrora, quais ouves falar?!
Devias mesmo ser feliz, perceber
Que vais ser esquecido pelo teu tempo
E correr enquanto podes.

Agora voas sozinho, larguei-te.
E eu voo de olhos fechados,
Sem ti…

sábado, 15 de novembro de 2008

Memórias - 15 de Novembro de 2008

Não entendo porque não falas,
Não sei porque te escondes,
Simplesmente não sei.

Andas às voltas,
Para me evitar.

Perdemos os minutos,
As horas, os dias, as semanas,
Os meses e os anos,
Deixámos fugir o momento,
Mantém-se o amor.
Detém-se a voz, a fala.

De ti já só ouço ou vejo
As memórias,
Os sons da minha cabeça,
O som da tua voz,
As imagens que trago comigo
Sempre, sempre, sempre.

sábado, 8 de novembro de 2008

Arco-Íris - 20 de Outubro de 2008

Escrever versos passa em parte
Por fazer parte de um arco-íris.
Um arco-íris constante
Um pensamento divagante
Um sentimento expectante.

Uma rosa em flor
Um azul de amor
Um amarelo de amizade
Um lilás de calor
Um vermelho de irmandade
Esse verde de fulgor
E o laranja o pobre laranja.

Ser filho desse arco-íris
Nascer do fim
Junto ao pote de ouro,
Ser filho desse arco-íris
É nascer e ser feliz
É ter inspiração
É escrever versos.
Pois não sou poeta,
Apenas escrevo versos!

Vive a Vida - 7 de Agosto de 2008

Vive a vida
Com o sabor a vinho verde
Do copo de onde beberam os dois.

Lembra-te do telefonema
Que soava a volta para o pé de mim.

Da coragem que eu tenho a mais
Para umas coisas não tenho para outras

Estive a centímetros da cara dele
E apenas me limitei a sentir
O leve perfume que ele usa,
Apenas me limitei a tocar-lhe na mão,
A dar-lhe o isqueiro para ele acender o cigarro,
Mas para um beijo não tive coragem,
Não quis ceder ao desejo,
Aquele desejo de o ter…

Nada mais que a verdade merece ser encontrado,
Por duas pessoas que se amam,
Tão ternamente como nós,
A nossa história é esta,
É assim e assim será para sempre…


love of my life

Hoje Vim Sem Cabeça - 20 de Outubro de 2008

Hoje vim sem cabeça
Vi-me e desejei-me para voltar
Saí de mim algumas vezes
Pois fui arrancado do corpo que é meu,
Fui de lá arrancado pelo sentimento de tortura,
Aquele sentimento de solidão
Que nos fractura a alma,
Que nos quebra o ritmo de viver…

Amanhã espero encontrar-me
Menos apático, menos estático
Quero amar-te e desejar-te
Mas, quero amar-me também
Como já não me amo há muito.
É degradante reviver certos pensamentos.

Sinto-me longe de minh’alma!
Sinto-me só…

domingo, 2 de novembro de 2008

Ouves lá Longe - 2 de Novembro de 2008

Ouves lá longe
O som dos carros,
Já não tens noção da distância,
Noção do espaço.
Já não sabes viver.

Ouves lá longe
Aquela voz que te chama.
Chegaste ao fim.

Sei como te sentes
Pois, entendo como tu
Que há momentos na vida
Em que chegamos ao fim.
O fim de um ciclo.

Mas o início de uma nova etapa.

Fumo - 2 de Novembro de 2008

Fumo desse cigarro,
Claro e denso.
É o simples fumo
Que me faz seguir-te
Esse fumo de saudade,
Que inalas e expiras.
O fumo desse cigarro
Que enche a sala,
O quarto. A casa.
Apenas o fumo que sai
De dentro de ti quando falas.
Apenas o fumo desse cigarro
Que fumas, sem me dares a provar.